domingo, 19 de novembro de 2017

Os brancos que aqui chegaram te deram sobrenome aportuguesado,
Você índia, que lavava seus cabelos nas doces águas do rio,
Que pescava, plantava, cozinhava dentro de sua oca,
Você índia, que dançava ao redor da fogueira banhada pela lua,
Você índia, que pintava o rosto, tinha franja rente e corrente de serpente,
Você índia, que se esquentava a luz do sol, que corria livre pelas matas,
Você índia, ventre nativo que carregou semente estrangeira,
Você índia, que se tornou a estranha em terra brasileira,
Você índia, que se viu presa e “domesticada”,
Você índia, ventre de onde eu descendo,
Você índia, ventre que eu reconheço.

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